Meu irmão é ex-numerário

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Eu fui frequentadora do OD por 9 anos, minha mãe é supernumerária, tenho uma irmã numerária e um irmão ex-numerário há 5 anos. Quando passei no vestibular fui "convidada" a entrar para a OD. Mas, como estava descobrindo um mundo novo na faculdade e estava tendo a chance dos meus horários e atividades não serem mais controlados pelos meus pais, porque se falava que era alguma atividade referente a faculdade eu podia não ir à meditação, círculo de leitura ou retiros, eu recusei o convite e consegui me afastar gradativamente da OD.

Desde que me afastei da OD, eu carregava comigo um sentimento de ingratidão, de culpa. Por muito tempo, e mais atualmente, vinha pensando que agora seria o momento de começar a retribuir a OD porque sempre considerei ela como responsável, em parte pela formação do meu caráter, da minha retidão. Mas, eis que leio o artigo da revista Época sobre o livro Opus Dei - os bastidores. Confesso à vocês que pela revista me passou uma idéia de que havia um certo exagero, igual de um ex-marido falando da ex-mulher após a separação, uma simples coisa que ela fala toma uma proporção imensa. Resolvi então entrar no site para conhecer e até mesmo para compreender um pouco o meu irmão ex-numerário que nunca comentou absolutamente nada sobre o que ocorre dentro da OD e nem mesmo sobre o que o levou a sair.

Desculpe a introdução prolongada, mas vamos ao título do depoimento. Meu irmão começou a frequentar a OD aos 10 anos e foi morar na OD aos 17 quando passou no vestibular. Eu e meu irmão sempre fomos muito amigos e companheiros, ao contrário da minha irmã. Me lembro do meu irmão (antes de ingressar na OD) como um garoto alegre, inteligente, de paz com a vida, estudante exemplar (todo final de ano ganhava diploma de honra ao mérito de 1º lugar de desempenho na sua série na escola), desenvolto para se expressar, admirável pela sua capacidade de escrita e de análise. Por onde passava ele era irritantemente cativante. Após ele frequentar mais a OD, não mais nos falávamos, pois mal o encontrava em casa, o que me deixou magoada por muito tempo, depois você acostuma e não o considera mais como membro da família, passa a ser um simples conhecido. Minha irmã do mesmo modo passou a ser uma simples conhecida com um agravante, de tempos em tempos liga a cobrar para os meus pais e pelo menos uma vez por ano pede dinheiro para eles. Sinceramente, isto me deixa muito brava! Agora, depois de tudo que li neste site, me deixa um pouco menos brava com a minha irmã e mais com a OD.

Mais um episódio que me deixou magoada com meus irmãos numerários: quando me casei resolvi convidá-los para serem meus padrinhos. Fiz o convite pensando em demonstrar o carinho que nós, "a família de sangue", sentimos apesar de todo o distanciamento e a indiferença deles. Mas quando ouvi pelo telefone: "não sei se vou poder, preciso perguntar aqui se posso aceitar o convite", me deu vontade de retirar o convite. Por fim, os dois vieram e foram meus padrinhos, talvez o que ajudou eles terem a permissão foi o fato de termos perdidos meu outro irmão, seis meses antes do casamento em um acidente.

Mas passando para o convívio com um ex-numerário. Durante mais ou menos um ano, ele caiu na balada tomando "todas" de terça- feira a domingo. Vivia cansado e com sono. Até o dia que sofreu um grave acidente porque dormiu na direção. Passado isto, observei mudanças de comportamento mais graves como uma infelicidade estampada em seu rosto, devido seu tempo perdido. Uma insatisfação pessoal e profissional. Insegurança, relutância para tomar decisões, como por exemplo a compra de uma simples roupa. Dificilmente presenteia alguém, acho que por não ter a mínima idéia do que dar. É muito triste ver o meu irmão completamente apagado.

Eu gostaria de saber dos marianos o que eu posso fazer para ajudá-lo. Já sugeri que ele procure um psicólogo mas ele reluta.

Obrigada aos criadores do site, por disponibilizar as suas experiências a fim de ajudar familiares e ex-membros do OD assim como alertar aos que tenham interesse pela instituição.

Após ler o site tenho certeza que deixarei meu filho e minha filha bem longe da OD.

E.B.