Meu samba brasileiro da OD

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depoimento jocoso muito serio dos meus 6 anos de OD

Frequentei a OD nos anos 71/77, apitei, fiz admisao, nao cheguei à oblaçao, pois segundo o “pardal” (Pe. Vicente) que tinha o encargo de fazer-me mudar de ideia, troquei o Centro de Estudos por um prato de lentilhas (uma viagem de estudo de 2 meses à Inglaterra vivendo em um centro de estudantes da OD; centro que em uma viagem anterior, eu sendo de Sao Rafael foi-me ACONSELHADO de morar durante a minha estadia). Quando voltei, tendo escolhido o prato de lentilhas, fui encostado no primeiro centro do Itaim (R. Lopes Amaral) sendo perseguido descaradamente pelo diretor FR (ex numerario), pelo vice PRS ( ex numerario e ex sacerdote), mas deixo a descriçao daquele ano para uma outra vez. Nao me considero um ex numerario, pois nunca me senti numerario, quando sai final de 1977, aliviado voltei a ser um cristao normal e livre....

Dei-me com o site hà alguns meses, e entrei em contato. Pediram o meu depoimento. Mas eu sempre considerei a minha passagem pela OD pouca coisa, especialmente depois de ter lido tanta desgraça, tanto abuso, tanto desespero e tanta tantissima insensibilidade por parte dos diretores (de todos os niveis!). Mas hoje lendo o mail do Eugenio Zampa ( desculpe o sobrenome abreviado, mas era assim que o chamava), nao posso mais segurar o meu depoimento.

Vivo hà muitos anos na Europa, sò na Italia sao mais de 20, sinto saudade do Brasil, mas ir frequentemente è muito dificil economicamente, especialmente com esposa e filhos, e portanto me consolo ouvindo musica brasileira, sambas velhos e novos, entao porque nao fazer o meu depoimento em forma de samba? Sempre ouvi que no Brasil tudo acaba em samba! Portanto hoje dou inicio ao meu sambinha ..... Livremente inspirado no Samba da Bençao do Vinicius....

- Meu Samba na OD ( primeira parte) – Fundo musical com palavras do Vinicius -

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não

Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

(aqui inicia a minha livre interpretaçao)
Eu, por exemplo, cidadão do mundo
Carlos Francisco
Tecnico humano ou artista tecnico
o brasileiro mais italiano do Brasil
Na linha direta de Oxòssi, saravá!

- A bênção, Eugenio Zampa ! Meu diretor por alguns meses no Centro Rebouças! Obrigado por ter me dito coisas que eu nao devia repetir pra ninguem! Recordo-te do fato! Voce estava d volta da Italia, provalmente depois de uma viagem UNIV a Roma, da qual a uma certa altura voce se desligou e foi para Verona encontrar teus parentes. Voce voltou, mudado, eram muitos anos que voce nao ia à tua cidade natal, que teus horizontes se abriam! Pois bem, na nossa conversa, ( eu gostava muito daquele jeito de fazer a conversa fraterna, passeando pelo jardim, ao inves de sentados e enclausurados no quarto do diretor), voce me solta a seguinte: “Carlo, ( asssim mesmo sem “s”), que beleza Verona, como se vive bem, gostaria de viver là, mas pra ganhar o céu nao dà! (pausa) .... Mas nao diga isso pra ninguém! “ . De fato, nano velho, até hoje nao disse pra ninguém; sò repeti pra min mesmo quando decidir sair : “ Se ir pro céu é preciso sacrificar todas as dignas aspiraçoes terrenas, prefiro o outro lugar, pelo menos nao me encontrarei com esses “gilipollas” da Obra” (me perdoem o termo hispanico, mas nao conheço um termo em portugues que tenha a mesma expressividade). E’ isso, Zampa, mas em “ca(2Z)o” de situaçao voce està? Gostaria de pensar que seja uma nova situaçao possivel dentro da OD. Numerario, ex-diretor, de volta a vida de agregado, morando fora de qualquer centro, tocando o teu trabalho profissional como voce quer, sem dependecia dos diretores... Ou voce negociou a tua intocabilidade em troca de colaboraçao financeira... ou voce esta abrindo novas estradas... Fale serio! Na tua mensagem, entrevejo que o teu carater de veneto sanguineo e briguento felizmente nao se definhou, mas infelizmente te vejo ainda imbuido dos infelizes cliches da OD... Saravá!

O meu samba deveria ter iniciado com o a estrofe que segue, mas a minha indignaçao das insossas afirmaçoes do Eugenio, mi fizeram mudar o inicio...

- A bênção, Pe. AMC! Meu diretor espiritual dos meus dois anos de Sao Rafael no centro Rebouças! Inteligencia fina, eximio tradutor, e coisa que poucos sabem mestre em tocar acordeao! Tragico exemplo de ser massacrado pela absorção de sua alma pelos fins institucionais ! Como pensar que um intelectual profundo conhecer das obras de Viktor Frankl, um dos fundadores da logoterapia, ( veja-se El hombre en busca de sentido), possa ter-se encaminhado ao gesto da destriuçao da propria existencia, senao que levado pelo desespero pessoal gerado dentro da OD, pelas suas contradiçoes, deixado sem uma amizade, uma familia verdadeira para encontrar amparo! Ainda lembro, que fostes o melhor diretor espiritual que tive. Grande sintonia de pensamento em me fazer ver a minha verdadeira personalidade. Grandes conversas, algumas frivolas tambem, otimas leituras aconselhadas, boas piadas e situçoes jocosas! Freador do meu fervor apostolico em querer converter ao catolicismo romano um meu amigo anglicano: “ Carlos, nao é a coisa mais importante, pois é sabido, nas confissoes protestantes, a acao do Espirito Santo e da Providencia existe!” , pois segui o rumo, e essa pessoa é ainda meu grande amigo. O que pensar, que as tuas enxaquedas e a continuas dores de cabeça jà eram sintomaticas do desajuste que foi aumentando....? Saravá!

- A bênção, João Sérgio Lauand! Perdao mas ainda nao te conheci ordenado, me recordo de voce como estudante da Poli, tranquilao, e com continuo sorriso, um sorriso atras dos oculos! Tenho admiraçao pela tua coerencia em querer mudar as coisas, lembrando-me de voce e do teu jeito ser, imagino quanto deve ter sido dificil, ardua e dolorosa a tua decisao em deixar tudo. Tenho confiança no anuncio feito pelo Luis Jean com a mail do 27/11/2005. Solte a cachorrada ....! Saravá!

Segunda parte

Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não

A bênção, Secçao Feminina! Só agora depois de quase trinta nos me dou conta da dureza da vida das mulheres entro dela! Vocês não existiam, eram de outra galaxia, de outra dimensao, distantes anos luz, tão longe que nem com telescopio Hubble dava pra ver! Mas que presença, comidinha pronta na hora certa do café da manha, na hora do lmoço, no lanche, na hora do jantar, cafezinho na tertulia, aperitivo nos dias de festa. Casa limpissima todos os dias, anheiro limpo e cheiroso. Roupa lavada, passada e dobrada, botões costurados, rasgos consertados, meias costuradas bem combinadas aos pares. Hoje nao tenho essas mordomias, mas tenho uma belissima coleção de meias para saci- ererê. Como se pode conceber regras tão rigidas! Horarios rigidissimos, tempo quase pra nada que não seja administração, tábua como cama (me dirão: não é pra todas; mas só pensar que isso veio da Abadesa de las Huelgas, e dá arrepios). Num ambiente do qual as mais humanas se vão e as mais duras permanecem.... Saravá!

A bênção, todos meus conhecidos que deixaram! A todos que desafiando a maldição do Fundador, tiveram a coragem de arriscar para se salvar. A todos que tiveram a coragem de não sofrer mais pelas contradições. A todos que com muitos anos de fidelidade tentaram mudar algo. Aos muitos, muitos mesmo que deixaram , ao contrario aquilo que nos faziam crer, que eram poucos os que deixavam. Do primeiro centro do Itaim , onde morei por dois anos, o diretor foi-se; o vice viajou para Roma voltou antes do tempo e foi-se; o secretario voltou de Roma ordenado e depois de alguns anos foi-se; o sacerdote pessoa bonissima teve um par de infartes; GD, DA, JC, LC e eu nos fomos. Que me lembre sobraram Pepe Chapa, Decio Piva (hoje Pe.) e Silvio Almeida. Nao faço contabilidade das pessoas que conheci de outros centros, a transcrição das iniciais chegaria até o fim da pagina!.

Escrevo, enfim, a famosa maldição de 1962: "No encontraréis la felicidad fuera de vuestro camino, hijos. Si alguien se descaminara, le quedaría un remordimiento tremendo: sería un desgraciado. Hasta esas cosas que dan a la gente una relativa felicidad, en una persona que abandona su vocación se hacen amargas como la hiél, agrias como el vinagre, repugnantes como el rejalgar!" Para quem não sabe: o rejalgar são efluvios mefiticos mistos de enxofre e outros fedores. Só faltou esborrifos de bosta, ataques de vermes, toda a lista do inferno dantesco, inclusive o referver de caldeirões peçonhentos, etc. A todos os malditos que se rencontrarão nessa festa ... Saravá!

A bênção, todos meus conpanheiros de profissão que deixaram! A bênção Clemente Fernandes! Primeiro arquiteto na OD do Brasil, nosso arquiteto maior, que me deu os primeiro incentivos para a minha decisao final de escolher a carreira. Confesso que das deserções excelentes da OD, a tua foi aquela que mais me impressionou! A bênção ACT, conhecido como Nenê, companheiro cem por cento; no momento grande Avestruz, pessoa que eu gostaria que pussese a mão no teclado, para trazer bom humor contando a grande quantidade de casos de que tem conhecimento, com a formidavel verve que animava as tertulias! Nenê, saia da toca !!!! A bênção, JDTC, parceiro e amigo, de quem encontrei algumas cartas do tempo que ainda se usava envelope selado e escritura a mão; meu companheiro Zé das artes, reconhecei o teu depoimento nestas paginas, gostei, mas com certeza sabes mais coisas! A bênção a todos os arquitetos que sairam, provando que atè as profissoes que tem um minimo humanidade, sensibilidade critica, desenvolvimento da fantasia e especialmente criatividade nao encaixam e dao problemas. A bênção todos os que foram aconselhados a nao fazerem arquitetura porque os diretores consideram que é uma carreira de bicho-grilo e se tornaram uns infelizes! Que eu saiba um sò arquiteto da minha epoca sobrou: a bênção Pepe Chapa, camarada generoso, parece que você ainda resiste, você que veio da Espanha jà com carreira meia feita, mas sendo basco e filho de SN a historia è completamente diferente....

Saravá!

A bênção todos que nâo podem entrar neste samba! A todos os deficientes fisicos, a todos os feios e todas as feias, a todos que nao tem uma renda media , enfim todos que por puro elitismo nao podem nem chegar perto da OD, negros inclusos! A bênção rapaz negro que apareceu no centro do Itaim, peço teu perdão por ter esquecido o teu nome, mas tive que cancelar-te da minha lista de "amigos" e da vida. Voce apareceu là no centro nao sei como e nao sei como sobrou para mim. Voce era um rapaz esforçado, me lembro que voce vendia livros para poder fazer a faculdade. Tinhamos entrado numa certa sintonia, mas o diretor um dia chega para mim: "Carlos esse cara não encaixa! Não perca tempo!" Que fazer, deixei là! E o pior tive que aguentar as risadinhas ironicas do Decio Piva: "Entao, Carlos, cade o crioulo? Eh!Eh!" . Repensando depois tantos anos, o elitismo te excluiu, imagina como voce poderia ter sido util, com os teus conhecimentos de venda de livros, nas campanhas de venda para a quadrante, ninguém dormiria na rua.... Saravá!

A bênção Brother Michael ! Michael good fellow and my friend! Michael voce era um rapaz que conheci na Inglaterra em 1976! Que otimo sujeito voce era ! Prato cheio para ser numerario, boa pinta, filho de familia abastada, teu pai era italiano e tua mae franco-inglesa, voce conhecia as tres linguas com perfeiçao, catolico praticante, e estudante de religioes orientais na Universidade de Londres. Mas ninguém te segurava. Um dia começamos a conversar, entramos em muita confidencia, tinhamos muitas coisas em comun, uma delas era o gosto pela arte. Falamos e refalamos de espiritualidade, de vita espiritual, te indiquei estradas e caminhos. Passados os dois meses de meu tempo ingles voltei para o Brasil. Me recordo, depois de alguns meses, recebi uma belissima carta tua, contando da "new life in Christ" que voce estava vivendo e me agradecia pelas indicaçoes. Fiquei muito feliz, atè transcrevi, ingenuamente, trechos da missiva na minha carta ao Padre daquele ano. Passam outros meses voce me diz que partiria para os Estados Unidos, pois terminados os estudos em Londres, queria continua-los nos USA. Mais tempo passa, eu deixo a OD e depois de outros meses recebo um teu convite para tua ordenaçao. A qual seria em um convento de Dominicanos do Arizona! Que felicidade, que OD que nada, voce foi parar é com os Dominicanos.... Saravá!

Você que une a ação ao sentimento
E ao pensamento
Feito essa gente que anda por aí
Brincando com a vida
Cuidado, companheiro!
A vida é pra valer
E não se engane não, tem uma só
Duas mesmo que é bom
Ninguém vai me dizer que tem

Desta vez meu samba para por aqui, mas vai continuar....

Um grande e feliz Natal e o desejo de uma boa entrada no ano que vem chegando, para todos e todas!

Atè o Ano que vem...

Carlos Carrer

Em um lugar qualquer nos Apeninos da Italia Central, 18/12/2005

Terceira e ultima parte

Cuidado, companheiro!
A vida é pra valer
E não se engane não, tem uma só
Duas mesmo que é bom
Ninguém vai me dizer que tem
Sem provar muito bem provado
Com certidão passada em cartório do céu
E assinado embaixo: Deus
E com firma reconhecida!
A vida não é brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida

- A bênção Eugenio Carlos Callioli! Amigo que me levou à apitar, voce merece um estrofe mais longa!

Que bom sujeito que eras, otimo aluno na escola, fizemos desde a terceira serie até o ano de ingresso na faculdade, voce optou por direito e eu por arquitetura! E como voce tocava bem o piano! Lembro que as vezes voce atè fazia audiçoes no radio! Como voce mudou com o ingresso na OD, especilmente no teu periodo de diretor na Vila Mariana, e como testemunham algumas pessoas neste site.

Nao duvido que fosse jà uma tua atitude latente, piorada pela visao fanatica da certeza de salvaçao que a OD gera. Me lembro um episodio, provavelmente um prmeiro sintoma : eramos um grupo de rapazes do Centro da Rebouças que iamos jantar na lanchonete da Yaohan, megastore japones que estava na rua Teodoro Sampaio, a comida era boa e barata, sò que era niponica, coisa que voce nao apreciava. Uma vez sentados ao balcao, todos nòs pedidos algo japones, voce teimou que tinha que comer tortellini, te desaconselhamos, onde jà se viu japones cozinhar italiano! E claro que deu zebra! Os nossos pratos chegaram logo, e voce foi reclamar com a garçonete com um tom bastente aspro! A infeliz tentou resolver a coisa, brigou com mestre cuca e finalmente o prato chegou…horrivel! Voce nao comeu nem a metade e chamou a garçonete e deu-lhe um senhor esculacho…"Que aquela nao era maneira de trabalhar, que ela era uma irresponsavel, que devia ter-te dito antes que o prato ia demorar, etc e tal"…a menina desabou num choro que aumentou de um metro às aguas do rio Pinheiros e saiu correndo da lanchonete. Eu fiquei perplexo, pagamos e saimos pra rua, todos num silencio constrangedor. Aì do alto de tua posiçao de organizador do mundo proclamas: " Hoje Nòs (nòs? Nòs quem carapàlida? Como respondeu o Tonto ao Zorro, naquela velha piada, quando os dois se viram circundados pelos apaches), Nòs fizemos ver à uma pessoa como deve enfrentar o seu trabalho para santifica-lo!"

Ali por ali, senti que algo nao encaixava, mas como era uma especie de jogo que nòs faziamos, o de pegar-nos no pè, dando-nos esculachos reciprocamente, a coisa foi logo esquecida…mas Eugenio! Caspite, era uma nossa brincadeira; sabiamos como vinha a pancada e aguentavamos o tranco! Mas vejo que a coisa se tornou um "modus operandi" teu e que o assunto comida um ponto de atrito com a secçao feminina. E mais, depois de alguns anos que sai, jà morando em Roma, voltei ao Brasil, para arrumar a papelada para o casamento, te chamei para nos ver-nos e combinamos um almoço. Como a coisa foi maçante! Eu tinha gosto de te rever para que falassemos de coisas da nossa vida…Voce me atacou com a atitude de diretor da OD em conversa semanal…" Carlos, voce tem feito as normas, a leitura, a oraçao, o rosario? Tem ido a missa todos os dias, tem rezado pela obra…etc" Que saco! Ainda bem que a comida chegou logo, nao via a hora de me mandar…Nos revimos muitos anos depois, passados os estragos que voce fez na OD e que a OD fez com voce (nunca entendi porque voce largou o piano, bem como voce tocava podia atè ter sido uma otima forma de apostolado), nos vimos em Roma quando voce voltou para a tese antes da ordenaçao, te vi mudado, voce atè reconhecia uma certa "jillipollez" nos rapazes que estavam com voce em Cavabianca. Depois estive na tua ordenaçao e as vezes ainda nos trocamos mails. Gostaria de falar com voce do que està acontecendo com a OD. E saber se voce teve a coragem e dever moral de pedir desculpas às tuas vitimas…Velho companheiro! Certamente te prefiro brincalhao e pianista, ao contrario de misogino e mandao! Saravà!

- A bênção JC, FS e Silvio Almeida! O chamdo trio do desmunheco! Se voces se lembram, eu dei por algum tempo o circulo de Sao Rafael pra voces! Voces tres vinham da mesma escola e do mesmo ano e os tres juntos eram uma "gracinha"! Nem sei como voces apareceram por là, sei que num dos tantos arastoes de vocaçoes voces apitaram quase juntos. O unico que ficou foi voce Silvio, se nao me engano voce é diretor em um Centro no Rio de Janeiro, e lendo nestas paginas alguns comentàrios parace que voce nao mudou muito!

Lembrando-me de voces, me vem a mente, também, uma outra minha responsabilidade: a de procurar, observar, analizar e censurar o cinema do Centro. Na época, nao era tempo do digital, e portanto tinhamos um velho projetor de filmes em rolo. Conseguiamos os filmes em impresas e instituiçoes culturais: consulado americano, Shell, Goethe Institut, Esso, etc...Lembro-me que tinha que cortar muita coisa, me lembro de ter que cortar relaçoes sexuais de elefantes, rinocerontes e especialmente primatas, passavam as aves; cortei também escolas de samba pelo excesso de rebolado das cabrochas. Quando devolvia os filmes, muitos estavam tao picotados, que depois de algumas vezes a Shell nao nòs emprestou mais os filmes!

Mas o caso mais surreal acontenceu com voces tres! Havia pedido filmes ao Goethe Institut e depois de varias vezes os filmes se revelaram òtimos e sem necessidade de cortes, eram na maioria filmes sobre a tecnologia alema, sobre transportes e atividades industriais. Na quarta ou quinta vez pedi um filme sobre algumas capitais alemas: Munique, Berlim, Hannover, Brema, Frankfurt e Amburgo, vi um terço do filme e como era um dia bastante carregado nao vi o resto e dei instruçoes pro JC pra se encarregar da projeçao, que o filme nao tinha nada que nao seria conveniente ver, e naquele dia eu tinha um compromisso na faculdade e faria tarde, mas chegaria certamente antes do fim. Dito e feito! No fim da tarde, chegei de volta ao Centro, entrei e jà notei um certo ar estranho. Vou ao andar de cima, sem passar antes pelo Oratorio, como normalmente se faz em qualquer sede da OD, pois no vellho Centro do Itaim, nos dias de projeçao, a coisa era complicada pois o pessoal utilizava a sala de estar na qual se abria a porta do Oratorio. Bem, no meio de minha subida pela escada, ouço gritinhos e uma agitaçao sem igual, de voces tres, tem quem colocou as maos na frente do projetor, quem com o corpo tentava de cobrir a parede onde se projetava o filme, voces tres fizeram tanto rebuliço que o diteror FR desceu do andar de cima numa carreira sò! Maldito azar! A parte de filme que eu nao vi, os ultimos 20 minutos, sobre Frankfurt e Amburgo, tinham uma visita aos bairros das luzes vermelhas! De fato quando entrei tinha acabado de passar o de Frankfurt, que foi breve, mas o de Amburgo, durava algums minutos! Nem digo, a lavagem de cabeça que me fez o diretor: " Carlos, que filme voce foi achar! Propaganda e difusao da prostituiçao!". A coisa durou por mais de duas horas, jantar inclusive! De desse dia em diante passamos a ser duas pessoas a ver os filmes! Voltando à voces tres, me parece que a atitude, diante de cenas inquientates de filmes, do Silvio nao mudou muito! Saravà!

Com os olhos cheios de carinho
Ponha um pouco de amor na sua vida
Como no seu samba
A bênção , amigo
Não és um só, és tantos como
O meu Brasil de todos os santos
Inclusive meu São Francisco
Saravá! A bênção, que eu vou partir
Eu vou ter que dizer adeus

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não
Por aqui termino o meu sambinha

Carlos Carrer

Roma, 20/01/2006