Fábrica de Doentes e de Condenados

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Pertenci ao conselho local de alguns centros do Opus Dei, e posso falar com conhecimento de causa sobre a verdadeira fábrica de doentes e de condenados que é esta Instituição.

Quando se pergunta a algum diretor da Opus no Brasil se há numerários com doenças psíquicas, a resposta padrão é mais ou menos essa: “-Os numerários são pessoas normais, logo é normal que haja numerários com doenças psíquicas”. E, às vezes até darão números: “-Como aproximadamente 15% da população padece de doenças desse tipo, aproximadamente 15% dos numerários sofre de doenças psíquicas”.

Não é necessário ser especialista em estatística para saber que essa resposta é uma falácia. Os numerários são pessoas normais, sim. Qualquer ex-numerário sabe que só ingressou na Prelazia porque foi considerado normal. De fato, os numerários constituem um grupo selecionado segundo critérios bem estabelecidos, e nem todos os valores médios calculados a partir da população em geral se aplicam aos numerários. Por exemplo, não tem sentido comparar o valor médio do índice de gordura corporal (igc) dos maratonistas brasileiros com idade entre 25 e 30 anos com o igc médio dos demais brasileiros com idade entre 25 e 30 anos (a menos que todos os brasileiros dessa idade fossem maratonistas; evidentemente os maratonistas são pessoas normais).

Os numerários são pessoas normais, pelo menos quando entram para a Opus. São selecionados levando-se em conta o seu nível intelectual, desempenho escolar, situação familiar, perfil psicológico, etc. Eu, como tantos outros, tivemos nossa vida devassada para que os diretores tivessem certeza de que estávamos aptos a enfrentar as exigências que vinham pela frente, e das quais mal desconfiávamos... Se um freqüentador de centro de estudantes não for bom aluno, ou se for intelectualmente limitado, ou se tiver um temperamento exótico, ou se tiver uma irmã que seja mãe solteira, ou se tiver pais separados, ou se tiver algum parente próximo que sofra de doenças psíquicas, ou sei lá o quê mais, ficará “em observação” por um bom tempo e talvez nunca lhe digam “meu caro, vimos que você tem vocação para numerário”. Por outro lado, se o sujeito for bom aluno, medianamente inteligente, se tiver uma aparência razoável, se proceder de uma família de seriado americano dos anos 30, e se não tiver nenhum parente próximo que sofra de doenças psíquicas, então é muito provável que lhe digam que Deus o está chamando...

Quando se tem em mente que a população em geral não reúne as características dos numerários, é estranho que se espere que os numerários padeçam de doenças psíquicas na mesma proporção que a população em geral. Pelo contrário, seria de se esperar que a porcentagem de numerários deprimidos, etc., fosse bem menor que a porcentagem de deprimidos, etc., da população em geral.

Há ainda outro fator a considerar, que é a alta taxa de evasão de numerários: se todos os numerários que sofrem de doenças psíquicas permanecessem dentro da Opus, aquilo seria um sanatório. Portanto, o número de numerários deprimidos, etc., só não é maior pois muitos deles saem da opus quando percebem que a causa da doença é a própria opus. Mesmo assim, há centros da Opus nos quais a porcentagem de numerários com doenças mentais é altíssima. Por exemplo, no centro da rua Dória (Rua Itagyba Santiago, 414), dos 11 numerários que moravam lá no começo da década de 2000, 5 indivíduos (4 leigos e um sacerdote) viviam entupidos de anti-depressivos, ansiolíticos, etc. Dos 4 leigos, 3 estavam incapacitados para o trabalho: 2 passavam boa parte do dia na cama em estado semi letárgico; outro (que é filho de um supernumerário famoso) fazia alguns bicos como tradutor para a Editora Quadrante, mas em geral passava o dia estuporado, ouvindo músicas com um walk-man; e o último a ficar doente ainda conseguia trabalhar em período parcial alguns dias por semana, no início de 2002. O sacerdote foi mandado de volta para o seu país natal e parece que se dedica a passear na praia. Esses doentes foram submetidos aos mais diversos tipos de tratamento, incluindo choques elétricos, mas continuavam na mesma. E pelo que se sabe, a situação deles ainda não melhorou. O mais lamentável de tudo isso é que eles eram sujeitos sadios quando foram selecionados para ingressar na Opus como numerários.

Enquanto isso acontecia no centro, os supernumerários e cooperadores não percebiam nada, pois os doentes apareciam de vez em quando para “fazer sala” nos intervalos dos recolhimentos, ou atendiam a porta, etc., e parecia que tudo estava normal. Depois que o centro da Dória virou o Q.G. do Eugênio Callioli, os doentes foram mandados para outros centros.

Ao que tudo indica, a Opus é uma verdadeira fábrica de doentes psíquicos. Quem quiser saber mais sobre o assunto, leia os 2 artigos de Alberto Moncada :

  1. La cuarta planta”, El siglo, nº 605, del 31 de mayo al 6 de junio de 2004
  2. Suicidios en el Opus Dei

Para terminar, quando se recorda que São Josemaría Escrivá dizia que os que saem da Opus se condenam, e como a maioria dos que entram acaba saindo, devo concluir que a Opus acaba sendo também uma verdadeira fábrica de condenados.

L.P.