Proselitismo agresivo e eficaz: mais um exemplo

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Bom, meu depoimento começa em 1995, quando fui convidada por uma "amiga" a ir a uma palestra num lugar muito bonito, ao lado do Shopping Paulista, que mais tarde descobri que o nome era Jacamar, em referência a um passarinho que voava bem alto. Naquela época eu tinha 15 anos e cursava o primeiro colegial em um Colégio muito famoso em São Paulo. Só fui saber que esse Centro era parte da Opus Dei um ano depois. Bom, começou assim: eu era convidada para palestras de vários assuntos, o lugar era lindo demais, tudo o que eu falava era ouvido com a máxima atenção e todas queriam saber quem eram os meus pais, o que eles faziam, o que eu gostaria de prestar no vestibular, onde eu morava, se eu tinha namorado e assim foi indo.

De umas quinze meninas que foram convidadas por essa minha "amiga" só uma apitou. E era a mais linda, a mais generosa, a mais querida, uma das mais inteligentes e capazes de todo o colégio. Era minha melhor amiga. Eu acompanhei de perto a lavagem cerebral que fizeram nela. Da noite para o dia ela não queria mais ir em cinemas, não colocava mais as roupas que ela costumava usar, não parava mais em casa - ficava no Centro o dia inteiro. Fazia os círculos semanais, ia nas rurais, nos convívios, nos retiros e foi se afastando cada vez mais da família. Todos os feriados ela ia para algum lugar com a Opus Dei, nunca mais foi em uma praia. Todos os conceitos dela mudaram, como o divórcio, o casamento, o número de filhos, etc. Ia a missa religiosamente todos os dia, até chegava atrasada na aula. Ela dizia para mim que se ela faltasse um dia sequer na missa ela iria para o inferno. Até mesmo a profissão dela foi moldada para servir à Obra (ela que queria ser médica E TINHA CONDIÇÕES PARA ISSO pois sempre foi extremamente inteligente).

Eu cheguei a ir com ela em um convívio, quando eu cegamente freqüentava o Jacamar, e percebi uma coisa que não me cheirou bem desde aquela viagem: era em uma fazenda, e os quartos melhores as diretoras pegaram para elas, enquanto que nós ficamos dormindo na casa do caseiro, sem forro no teto, sem cama, com o maior frio!! Até o colchonete que eu tinha levado tiraram de mim!!!! Dormimos no chão, com um cobertor bem ralinho de "colchão". Ué, se elas pregavam a mortificação elas que deveriam ter dado o exemplo, não? Bom, um dia me perguntavam se eu já tinha transado com o meu namorado e uma dela disse que tinha nojo das meninas que se entregam antes de casar. E eu tinha 15 anos e namorava há uns meses apenas. Ridículo!!!!!! Foi uma invasão de privacidade.

Hoje em dia fico muito triste de ver minha amiga se afundando cada vez mais. E vejo isso freqüentemente, pois me casei com seu irmão. Ela finalmente saiu de casa, indo morar com adscritas em uma república, ficando mais longe da família e do emprego (já que ela trabalhava ao lado de casa). Eu deveria ter feito algo, sei lá, mas não tinha conhecimentos e nem maturidade para saber do que se tratava a Opus Dei. Eles fazem exatamente isso: "pescam" pessoas em fase de formação, como nós, que tínhamos 15 anos. E essa "amiga" que levou-nos até o Jacamar não desgrudava um minuto da minha cunhada. Nem mesmo quando eu a convidei para almoçar em particular aquela "bruaca" não arredou o pé...

Li o livro "Opus Dei- Os Bastidores" e posso afirmar que realmente tudo aquilo é verdade. Eu vivi aquilo na pele, e presenciei e presencio até hoje o que fizeram com a cabeça da minha amiga. É de arrepiar como eles conseguem ser tão manipuladores, cruéis, esmagadores das individualidades humanas. Este livro é uma luz no fim do túnel e espero profundamente que salve muitas almas.

PAX