Até que tudo desmoronou

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A verdade é q eu não sei nem por onde começar... semana passada, dia 15/08 resolvi procurar por comunidades no orkut que falassem do Opus Dei, e aqui estou. Quero contar a minha historia, que não é diferente das outras que eu li e reli no site, é só mais uma gotinha nesse oceano.

SaÍ da Obra no final de 2001, depois de 5 anos lá dentro. Apitei com 19 anos, no ano q estava fazendo cursinho, depois de ter sido de São Rafael por 1 ano, e de ter ido nesse meio tempo ao UNIV. Freqüentei e apitei no Jacamar (Centro de estudos da seção feminina, na rua Maestro Cardim), fui adjunta lá por 3 anos e depois me mudaram para o Angra, nunca morei em um centro. É claro q insistiam para q eu me mudasse, para q pudesse viver a vida em família 100%...mas minha faculdade era integral, e minha família odiava a Obra, não existia assim condições financeiras para eu viver lá dentro.

"Senti" minha vocação logo no começo... talveZ na primeira rural q eu fui, mas eu queria ter certeza, por que sabia q era um caminho difícil (mal sabia eu quão difícil seria mais tarde!!). Quando o Padre esteve no Brasil me convidaram para diversas atividades onde só estavam numerarias, adjuntas e as apitáveis... quando o Padre foi embora a diretora do centro de estudos ( que era com quem eu fazia minha conversa semanal) me disse q iria começar a me tratar como se eu fosse uma numeraria, eu era convidada para ficar no centro e jantar com elas pelo menos 1 vez por semana. Como já disse, apos o UNIV eu apitei. Assim como eu, muitas outras, foi um ano onde o número de adjuntas mais q dobrou!!! (já adianto q praticamente todas desapitaram!!)

Os 3 primeiros anos eu fui realmente feliz lá dentro, sei q parece loucura, mas não posso e não vou negar isso pra mim ou para vocês. Também não sei dizer quando as duvidas, os questionamentos começaram; fato é q eles foram crescendo e crescendo até q tudo desmoronou. Tudo em q eu acreditava: o apostolado ( q nada mais era do q números, quase uma competição para ver quem levava mais amigas ao centro), as normas ( um meio de dizer como pensar, em q pensar, como sentir, o q sentir), a conversa semanal com a diretora espiritual ( um meio de saber se vc está seguindo as regras ou não), idem para a conversa com o sacerdote, a vida em familia (um analgésico para fazer você agüentar o dia seguinte!). Como minha produção no Jacamar começou a cair, me mudaram para o Angra. Nessa fase eu acreditava q tudo era uma crise...e q iria passar. Mas tudo só piorou, aos poucos comecei a dar desculpas para não ir ao centro, sempre chegava encima da hora para as atividades. As meninas de São Rafael me adoravam, eu sempre fui aquela q fazia as palhaçadas na rural, q contava piada, dançava, organizava as tertúlias...e a diretora decidiu me colocar pra dar Circulo para São Rafael. Eu me perguntava: será q ela não tá vendo como eu estou??? vou tentar convencer essas meninas a fazer algo e nem eu sei se é certo ou não!!!

Bom, tudo foi para o chão quando eu estava no curso anual, com o centro de estudos e o meu pai super mal, internado na UTI para fazer um transplante de coração. Estávamos no jantar qdo me chamam e dizem q tinha uma ligação pra mim. Era minha mãe falando q a cirurgia ia começar em 1 hora, se eu tinha como ir para São Paulo (eu estava em Atibaia, na Casa da Serra). O pior é q eu nem sabia se iriam deixar eu ir ou não!!! Inventei uma historia e desliguei o telefone, e fui falar com a diretora do curso, q por sua vez telefonou para a Assessoria para saber se elas me deixavam ir!!! Pessoas q nunca viram o meu pai, q nem sequer tinham conversado comigo alguma vez. Após liberação,fui para o hospital, "escoltada" por uma numeraria q me largou lá e foi para o centro. O pouco da beleza da entrega morreu naquele dia, não podia acreditar q Deus estava atrás de um lugar q diminui a tal ponto a pessoa q ela não mas pensa sozinha, onde a liberdade é um perigo e onde a família é um obstáculo. Acho q foi isso q me fez ter certeza q o sonho tinha acabado e q eu tinha escolhido o caminho errado.

Minha irmã tbm estava na Obra, adjunta no Aclimação (apitou pouco tempo depois q eu, tbm no Jacamar). Eu não tinha coragem de sair, porque sabia q ela não me perdoaria, somos muito unidas, somos gêmeas, não conseguiria viver sem o amor dela. Até o dia em q ela me escreveu uma carta, dizendo q sabia q eu não estava bem, e q ela tbm não estava. E q o nosso amor não seria abalado em nada, fossem quais fossem as nossas decisões!!! Pouco tempo depois nós duas deixamos de ser numerárias (adjuntas).

Desculpem, o testemunho ficou enorme! Na verdade gostaria q as pessoas q estão lá dentro conseguissem ver a Obra como ela realmente é... sem a cortina celestial q nos mostram. Sair foi muito difícil, o processo todo demorou 2 anos... não queria magoar aquelas pessoas, não queria desapontá-las. Como me disseram uma vez: as piores grades estão na nossa própria cabeça, demorou, mas elas foram abertas.

Hoje vivo feliz, com minha família, meus amigos, meu trabalho, meus sonhos e o mais importante, vivo tudo isso na realidade, com toda a liberdade q Deus me deu.

Parabéns pelo site.

KL