Fala sério...

From Opus-Info
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É impressionante como os membros da obra, por viverem numa ideosfera muito própria, conseguem admitir como coisas naturais realidades absurdas, ou nem conseguem enxergar o ridículo ou o que há de desonesto em certas situações.

Por exemplo, é estranho que os membros da obra, em particular os numerários, não considerem estranho o uso do cilício e da disciplina. Pessoas com um mínimo de bom senso acham o fim da picada, mas os membros da obra alegam que é algo normal, explicável dentro do contexto ascético etc., etc.

É estranho que os membros da obra não achem estranho que certos "milagres" aconteçam, quando, com um pouco de pesquisa, é fácil demonstrar que o santo milagreiro ainda não foi canonizado...

Esta seção "Fala sério..." traz à luz alguns absurdos e incongruências da vida interna do opus dei:


1. Na obra, sempre se repete o slogan do fundador: "as portas do opus dei estão fechadas para entrar e escancaradas (abiertas de par en par) para sair."

Fala sério... Como é que pode um/a numerário/a sair, se entregou todo seu dinheiro e todos seus bens e, como acontece tantas vezes, passou anos longe de sua profissão para dedicar-se a trabalhos internos? Está literalmente amarrado/a na rede, e a Obra não lhe dará um tostão nem a menor ajuda quando sair... Fala sério...


2. Para financiar suas obras de "assistência social" em São Paulo, o opus dei convoca os numerários e supernumerários para fazerem, anualmente, uma campanha para pedir contribuições mensais para a OSUC, Obras Sociais Universitárias e Culturais (existem outras instituições, conforme o local, como a ACES, no RJ). A quota de cada um desses pedidores é, em média, digamos, 5 salários mínimos por mês e há, digamos, cerca de 500 pedidores. Tudo isso perfaz uma renda anual (por baixo) de 30000 salários mínimos. Como nenhum contribuinte vê aonde vai parar esse dinheiro todo, a razão dada é que esse dinheiro é para manter a escola da Pedreira (na qual boa parte dos professores não cobram para colaborar com a obra...). Fala sério...


3. A Editora Quadrante vende o "Círculo de Leitura", venda casada anual de 1000 páginas de livretos de modesta qualidade. Pela campanha de vendas imposta aos membros da obra, o "Círculo de Leitura" tem por ano, nos últimos 20 anos, uma média de 8000 assinantes. O preço cobrado é pouco mais de U$40 (quarenta dólares). Ora, os custos totais da editora (os salários são praticamente inexistentes) nessas tiragens é de 10% dessa receita, o que deixa de lucro líquido cerca de U$ 300.000 (trezentos mil dólares / ano) só com o Círculo, sem falar no outro tanto com outras campanhas de venda dos livros do fundador etc. Fala sério... Lucros de tal empreendimento editorial deveriam reverter para a publicação de grandes obras teológicas, literárias, filosóficas... tal como o fazem as editoras Paulus, Vozes, Paulinas, Loyola, e não para continuar com uma dúzia de livrinhos quadrantinos... Fala sério...


4. A OSUC e a AFESU, duas ONGs da opus dei, comemoraram nos últimos anos a conquista do Prêmio Bem Eficiente da Kanitz & Associados.

Fontes: http://www.pontal.org.br/entidade.html, http://www.pontal.org.br/images/entidadeimg1.gif, http://www.pontal.org.br/images/entidadeimg2.gif

A OSUC também ganhou o Prêmio Bem Eficiente: http://www.pedreira-centro.org.br/

Fala sério...

O Dr. Ives Gandra da Silva Martins, supernumerário da obra e presidente de órgãos da OSUC, põe em seu currículo que é Membro do Conselho Supervisor do Prêmio Bem-eficiente da Kanitz & Associados http://www.abdconst.com.br/institucional_membc_curriculo019.asp

Ora, ele é um dos 4 membros que decidem quem leva o prêmio?! Fala Sério...

"Escolher as vencedoras é um trabalho sério que leva cerca de um ano. Quem analisa os critérios estipulados pelo prêmio é uma comissão formada por Antoninho Marmo Trevisan, presidente da Trevisan Auditores e Consultores; Carlos Alberto Bifulco, presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo; Élcio Anibal de Lucca, presidente da Centralização de Serviços dos Bancos; e Ives Gandra da Silva Martins, jurista, doutor em Direito pela Universidade Mackenzie." (cf. http://www.parkinson.org.br/imagens/revista/abp52.pdf)


4. A obra chama seu apostolado de apostolado de "amizade e confidência". Fala sério...

Qualquer numerário já teve a experiência de deslocar para os últimos lugares da sua listinha de apostolado, o nome de amigos que já deram o que tinham que dar (esperanças de vocação, ajudas econômicas, assinatura do círculo de leitura, vinda à meditação, ida ao retiro etc.). Fala sério...


5. É comum os membros da obra dizerem que a obra tem uma grande fidelidade ao papa, e que a prelazia quer servir a Igreja como a Igreja quer ser servida... Fala sério...

Entre os vários textos do Papa que o opus dei considera pouco sobrenaturais está o seguinte:

João Paulo II - Encíclica Sollicitudo Rei Socialis No. 31:

"Assim, faz parte do ensinamento e da prática mais antiga da Igreja a convicção de estar obrigada, por vocação — ela própria, os seus ministros e cada um dos seus membros — a aliviar a miséria dos que sofrem, próximos e distantes, não só com o «supérfluo», mas também com o «necessário». Nos casos de necessidade, não se podem preferir os ornamentos supérfluos das igrejas e os objectos do culto divino preciosos; ao contrário, poderia ser obrigatório alienar estes bens para dar de comer, de beber, de vestir e casa a quem disso está carente."

Basta ler o clássico de Josemaría Escrivá, Caminho, Nº 527 :

"Aquela mulher que, em casa de Simão o leproso, em Betânia, unge com rico perfume a cabeça do Mestre, recorda-nos o dever de sermos magnânimos no culto de Deus.
- Todo o luxo, majestade e beleza me parecem pouco.
- E contra os que atacam a riqueza dos vasos sagrados, paramentos e retábulos, ouve-se o louvor de Jesus: Opus enim bonum operata est in me - uma boa obra fez para comigo."

Fala sério...


6. E agora... o Oscar do FALA SÉRIO...

O opus dei, em seu site oficial do Brasil, descreve o encontro entre Mons. Josemaría Escrivá e D. Paulo Evaristo Arns em São Paulo, em 1974. É de causar inveja aos encontros de Santa Clara com São Francisco: conversas espirituais, cheias de unção, nas quais não faltaram sequer beijos fraternos etc.:

"Naquele encontro, o Cardeal deu a conhecer a Mons. Escrivá, pedindo-lhe orações, diversos assuntos da imensa Arquidiocese, detalhes dos graves problemas sociais que enfrentava, da má distribuição da renda, da pobreza das periferias, da falta de infra-estrutura na cidade... São Josemaría acompanhava com muita atenção todas as preocupações do Cardeal. Conversaram também a respeito das religiosas de clausura e do aspecto decisivo de apoiar toda a atividade pastoral na oração. Ao despedir-se, o clima cordial e fraterno do encontro levou Mons. Escrivá a pedir licença a D. Paulo para dar-lhe dois beijos nas faces, a la romana, como, é costume na Itália entre amigos e irmãos. D. Paulo correspondeu com um forte abraço."

Para ler todo esse falso relato, cf. no site do opus dei e no Google.

Fala Sério!!!

Em diversas consultas que fizemos a pessoas que, naquela época, eram numerários, todos afirmam o que de todos era sabido: que entre o opus dei e Dom Paulo Evaristo Arns reinava uma mútua e profunda desconfiança.

Alfredo Cantelli, Emérico da Gama e outros chefões da época relatavam para os mais velhos esse encontro como um verdadeiro "puxão de orelhas" do santo fundador no Cardeal (literalmente, houve um puxão de bochechas, relatado na época como uma chamada de atenção), e que o Cardeal, interpelado pelo fundador sobre quantas comunidades de vida contemplativa havia em São Paulo, não soube responder! Os comentários dos numerários iam nessa toada: "Que vergonha! Mas, claro, ele só cuida de política, é comunista etc."

Outros numerários da época ouviram do fundador, em São Paulo: "Esto (confissão comunitária) es herejia. Y lo he dicho al obispo de aquí, y además por escrito".

Qualquer membro honesto do opus dei que tenha sido contemporâneo daquele encontro dirá que Dom Paulo sempre foi mal visto pela Obra (pergunte-se a gente da obra, gente honesta como os padres Augusto Saldanha ou José Teixeira ou João Sérgio, e eles dirão que a obra não devia mentir desse jeito...).

Fala sério...

O que Dr. Xavier Ayala comentava com os numerários era que Dom Paulo também nunca teve simpatia pela obra, mas a respeitava porque o opus dei nunca lançou ataques públicos a Dom Paulo e porque ele, Dr. Xavier, com seu prestígio de canonista, manifestara-se contra a divisão da Diocese de São Paulo, uma jogada do Vaticano para tirar poder de D. Paulo...

Hoje, passados os anos, a obra se aproveita do acontecimento e reescreve a história. Aproveita-se do respeito que Dom Paulo Evaristo Arns conquistou heroicamente, em outros tempos, tempos em que o opus dei, por outro lado, estava muito à vontade. Tempos de ditadura militar.

Quem assistiu aos filmes do fundador na década de 70 ainda lembra de cenas (depois, devidamente expurgadas dos vídeos, para efeitos de processo de canonização e para não escandalizar...), nas quais São Josemaría aparecia naquelas tertúlias com milhares de pessoas na Argentina, no Brasil e no Chile (então ditaduras militares), dizendo alto e bom som:

"Los militares tenéis la mitad de la vida espiritual hecha..."
"Si los Estados Unidos no nos hacen el favor de librarnos del comunismo, donde estaríamos?"
"Yo soy sacerdote de Jesucristo y no hablo de política, de sociología: de tonterías!"
Etc. etc. etc.

Fala sério...

Quanto a esse episódio do encontro entre D. Paulo e Escrivá, quem puder e tiver interesse pergunte a gente honesta como os padres da obra Augusto Saldanha ou José Teixeira ou João Sérgio Curi Lauand, e eles afirmarão a verdade dos fatos, a menos que, pressionados pela ideosfera, usem de reservas mentais ou desconversem...